sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Manifestações Políticas


Em 2013 a população brasileira fez das ruas do país a sua arquibancada política e protestou contra o aumento do preço da passagem de ônibus. Cartazes com a frase “ Não é só por 0,20 centavos” apareceram em meio as passeatas expressando a insatisfação da população com o atual sistema político brasileiro. Melhorias na educação, saúde, moradia e transporte foi o que pediu milhões de brasileiros que foram as ruas protestar. Muitos jovens participaram das manifestações e o que se via no semblante de cada um deles era uma enorme vontade de mudança. Foi um movimento politizado,  e objetivo suscitando nas pessoas o civismo que a muito não se ouvia falar. A última vez que ele apareceu de forma tão nítida foi em 1984 no movimento conhecido como Diretas Já que pedia eleições direta no Brasil e em 1922 com a mobilização estudantil caras-pintadas,que lutou pelo impeachment do então presidente Fernando Collor.

As redes sociais em 2013 constituíram-se como potencializadores das manifestações isso porque permitiu um maior fluxo informacional em menor escala de tempo, permitindo que as pessoas soubessem em tempo real o que estava acontecendo em determinado local. Já imaginou como seria se as redes sociais existissem na época da manifestação caras pintadas ou na época das Diretas já? Certamente a mobilização seria ainda maior do que foi, mais pessoas seriam alcançadas, recursos como fotos e vídeos atuariam como instrumentos de denuncia das opressões e violências que ocorreram. Em seu trabalho “ Internet e participação política em sociedades democráticas. Gomes (2005b) atribui a internet algumas vantagens tais como ; 1) superação dos limites do tempo e espaço para a participação política; 2) extensão e qualidade do estoque de informação online;3) comodidade,conforto,conveniência e custo; 4) facilidade e extensão de acesso; 5) sem filtros nem controles; 6) interatividade e interação e 7)oportunidade para vozes minoritárias ou excluídas .

Desde as Diretas Já até os protestos que ocorreram em 2013 tem ficado claro que as ferramentas de mobilização de massas passaram por uma forte transição. Assembleias e folhetos tem dado lugar a eventos online e post escritos, dessa vez não apenas por lideranças pré-estabelecidas , mas por pessoas comuns , das mais distintas origens e que se deram conta que podem se fazer ouvir e que tem poder enquanto cidadãos passando a ter uma visão mais definida do significado genuíno da democracia e da participação.  E isso vem reformulando a visão daqueles que são cobrados pela a população. Políticos e governos também passaram a utilizar as redes sociais tanto para a gestão interna, quanto como forma de responder de forma mais ágil as reivindicações, críticas e as sugestões de seus eleitores.  Tendo em vista o grande poder de mobilização das mídias sociais  após as manifestações que ocorreram no Brasil, o  Governo Federal criou  uma rede social denominada ObservatórioParticipativo da Juventude, um espaço virtual voltado a produção de conhecimento sobre a juventude brasileira, com participação e mobilização social. O participatório se propõe a promover a participação política em ambientes virtuais através de debates e mobilizações. Discussões como reforma política, enfrentamento da violência contra a juventude negra foi propostos. “A web é a melhor forma de estimularmos a democracia nos tempos atuais”, afirmou Wagner Diniz, gerente da WC3 Brasil.

No momento os debates estão suspensos no Participatório durante o período eleitoral. Por ser uma ferramenta do Governo Federal, talvez torne-se um pouco imparcial e nesse ponto deva-se problematizar sobre a verdadeira democracia.  As redes sociais e sua atuação com esfera política proporcionou as manifestações de Junho de 2013 dimensões maiores, as informações chegaram para todos e foram construídas por todos .

Autora: Priscila Silva

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