Em 2013 a população
brasileira fez das ruas do país a sua arquibancada política e protestou contra
o aumento do preço da passagem de ônibus. Cartazes com a frase “ Não é só por
0,20 centavos” apareceram em meio as passeatas expressando a insatisfação da
população com o atual sistema político brasileiro. Melhorias na educação,
saúde, moradia e transporte foi o que pediu milhões de brasileiros que foram as
ruas protestar. Muitos jovens participaram das manifestações e o que se via no
semblante de cada um deles era uma enorme vontade de mudança. Foi um movimento
politizado, e objetivo suscitando nas
pessoas o civismo que a muito não se ouvia falar. A última vez que ele apareceu
de forma tão nítida foi em 1984 no movimento conhecido como Diretas Já que
pedia eleições direta no Brasil e em 1922 com a mobilização estudantil
caras-pintadas,que lutou pelo impeachment do então presidente Fernando Collor.
As redes sociais em 2013
constituíram-se como potencializadores das manifestações isso porque permitiu um
maior fluxo informacional em menor escala de tempo, permitindo que as pessoas
soubessem em tempo real o que estava acontecendo em determinado local. Já
imaginou como seria se as redes sociais existissem na época da manifestação
caras pintadas ou na época das Diretas já? Certamente a mobilização seria ainda
maior do que foi, mais pessoas seriam alcançadas, recursos como fotos e vídeos
atuariam como instrumentos de denuncia das opressões e violências que
ocorreram. Em seu trabalho “ Internet e
participação política em sociedades democráticas.” Gomes (2005b) atribui a
internet algumas vantagens tais como ; 1) superação dos limites do tempo e
espaço para a participação política; 2) extensão e qualidade do estoque de
informação online;3) comodidade,conforto,conveniência e custo; 4) facilidade e
extensão de acesso; 5) sem filtros nem controles; 6) interatividade e interação
e 7)oportunidade para vozes minoritárias ou excluídas .
Desde as Diretas Já até os
protestos que ocorreram em 2013 tem ficado claro que as ferramentas de
mobilização de massas passaram por uma forte transição. Assembleias e folhetos
tem dado lugar a eventos online e post escritos, dessa vez não apenas por
lideranças pré-estabelecidas , mas por pessoas comuns , das mais distintas
origens e que se deram conta que podem se fazer ouvir e que tem poder enquanto
cidadãos passando a ter uma visão mais definida do significado genuíno da
democracia e da participação. E isso vem
reformulando a visão daqueles que são cobrados pela a população. Políticos e
governos também passaram a utilizar as redes sociais tanto para a gestão
interna, quanto como forma de responder de forma mais ágil as reivindicações,
críticas e as sugestões de seus eleitores.
Tendo em vista o grande poder de mobilização das mídias sociais após as manifestações que ocorreram no
Brasil, o Governo Federal criou uma rede social denominada ObservatórioParticipativo da Juventude, um espaço virtual voltado a produção de
conhecimento sobre a juventude brasileira, com participação e mobilização
social. O participatório se propõe a promover a participação política em
ambientes virtuais através de debates e mobilizações. Discussões como reforma
política, enfrentamento da violência contra a juventude negra foi propostos. “A web é a melhor forma de estimularmos a
democracia nos tempos atuais”, afirmou Wagner Diniz, gerente da WC3 Brasil.
No momento os debates estão
suspensos no Participatório durante o período eleitoral. Por ser uma ferramenta
do Governo Federal, talvez torne-se um pouco imparcial e nesse ponto deva-se
problematizar sobre a verdadeira democracia. As redes sociais e sua
atuação com esfera política proporcionou as manifestações de Junho de 2013
dimensões maiores, as informações chegaram para todos e foram construídas por
todos .
Autora: Priscila Silva
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