Se acabou o tempo em que um artista para fazer sucesso e aparecer
na mídia tinha que trilhar uma carreira de vários anos. Essa peregrinação em
busca do reconhecimento artístico é retratada no filme brasileiro de 2006, 2 Filhos de Francisco, que relata a história de vida da dupla sertaneja Zezé Di
Camargo & Luciano. Toda a dificuldade enfrentada pelos dois, do interior
para a cidade grande em busca de um sonho, os aproveitadores que se fingem de
caça talentos, as condições econômicas precárias foram características de vários
cantores de uma geração hoje consagrada. Estou falando de cantores porque,
enquanto escrevo estou escutando as músicas do novo CD da Banda Malta que eu
acabo de baixar.
Apesar de ter exercido um papel de destaque na sociedade brasileira
durante muito tempo, com a concorrência “desleal” da televisão, o rádio perdeu
seu reinado. Na hibridez da recém-inaugurada televisão aos poucos surgiram os
programas de auditório, as novelas e por consequência os novos talentos ao vivo
e em cores.
José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha foi o grande
descobridor e revelador de talentos da televisão brasileira, pelo palco do seu
programa passaram artistas como Roberto Carlos, Gilberto Gil, Wanderléia, Ney
Matogrosso, Fábio Jr. entre outros dezenas de artistas. Naquela época o artista
não era bom somente pela sua voz, pela performance no palco, pelo carisma com
os fãs, mas também pela quantidade astronômica de discos vendidos.
Atualmente a cibercultura (formada pelo estabelecimento de
uma relação entre as novas formas sociais surgidas na sociedade pós-moderna e
as novas tecnologias digitais) caracterizada por três princípios: pólo da
emissão, conexão em rede e a reconfiguração de formatos midiáticos e praticas
sociais, permitiu que qualquer pessoa tenha o direito de se mostrar ao resto do
mundo. Como prova disse lhes apresento o maior e mais promissor descobridor e
revelador de talentos: YouTube. Ele não é um termômetro de talento ao pé da
letra, porém é a plataforma na qual os artistas atuais mais investem como forma
de adquirirem uma fama instantânea, e dai para sustenta-lá tem que ter talento
ou carisma e meia dúzia de fãs brigando por um pouco de atenção no Twitter.
Isso não é uma crítica, ou melhor é uma crítica construtiva. Para que enfrentar
tanta dificuldade em lançar um CD e depois ligar para as rádios para pedir
música como o pai de Zezé Di Camargo & Luciano fazia? Essa pratica ainda é
comum, além dos programas músicas de TV como Programa Raul Gil, Qual é seu
talento?, The Voice Brasil, Super Star (de onde saiu a Banda Malta) entre
outros. O que vemos é que mesmo aparecendo na TV, dando entrevista em estações rádio,
os artistas investem pesado na relação com os fãs através das redes sociais, página
no Facebook, Twitter, Instagram sempre em contato com as pessoas que asseguram
a sua permanência na mídia.
A invasão na vida dos artistas é algo cada vez maior, porém
à sua vantagem, a reação do público é imediata em relação a qualquer atitude
vinda de seu ídolo.
As novas tecnologias transformaram o mundo artístico. Há quem critique esse surgimento meteórico dos novos artistas, porque assim como aparecem acabam sumindo depois de um tempo. Mas isso é consequência do que buscamos, a liberdade de expressão. “Agora o lema da cibercultura é “a informação quer ser livre”” (LEMOS, 2002). Então que venham os novos funkeiros, sertanejos universitários ou não, forronejos, sambagodes...
As novas tecnologias transformaram o mundo artístico. Há quem critique esse surgimento meteórico dos novos artistas, porque assim como aparecem acabam sumindo depois de um tempo. Mas isso é consequência do que buscamos, a liberdade de expressão. “Agora o lema da cibercultura é “a informação quer ser livre”” (LEMOS, 2002). Então que venham os novos funkeiros, sertanejos universitários ou não, forronejos, sambagodes...
Autora: Ana Paula Trindade
Nenhum comentário:
Postar um comentário