sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Câmeras de vigilância: suas fases e a privacidade






A necessidade em obter uma sociedade mais integra e organizada ganhou novo conceito no final do século XVIII, quando o filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham nos trouxe a ideia do Panóptico. O objetivo era estabelecer um edifício em forma de anel e cheio de salas (ou prisões), com uma torre no centro, onde alguém estabeleceria a vigilância das pessoas. A ordem seria mantida, pois ao saber que estava sendo vigiado, o indivíduo iria temer ser castigado por algum ato errado. De acordo com Bentham, em cada compartimento do edifício haveria: uma criança aprendendo a escrever, um operário a trabalhar, um prisioneiro a ser corrigido, um louco tentando corrigir a sua loucura, entre outros.


“...induzir no detido um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento autoritário do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente nos seus efeitos ... que a perfeição do poder tenta tornar inútil a actualidade do seu exercício...” Foucault,(1997), pag:166.

Os anos foram passando e com o avanço tecnológico tornou-se possível adaptar a ideia do Panóptico não a um local específico, mas a qualquer parte através das câmeras de vigilância. Elas tiveram um amplo desenvolvimento mundial, após o atentado de 11 de setembro nos Estado Unidos. Segundo notícia do Observatório de SegurançaPública – SP, nesse período em Nova York, foram instaladas cerca de 6.000 câmeras de segurança. Mas, uma das cidades apontadas com maior índice de vigilância é Londres. Na década passada, no ano de 2007, a Folha de S. Paulo divulgou que a cidade possuía cerca de 4,2 milhões de câmeras nas ruas, sendo uma câmera para cada 14 habitantes.

O ato de vigiar tornou-se de grande relevância não apenas em ruas, mas em empresas, ônibus e casas por exemplo. A sensação de segurança foi algo que se concretizou no imaginário de muitas pessoas, nos fazendo lembrar um dos ideais do sistema panóptico: onde há uma câmera posicionada, o indivíduo poderá evitar fazer algo de errado (mesmo sem saber se realmente há alguém o observando do outro lado). Então se estabelece a ideia de que um ônibus coletivo não foi assaltado porque o suposto ladrão se intimidou diante da câmera de segurança. Mas sabemos que isso não é frequente. E em relação a moradia, a um caso que ocorreu no ano de 2012 que vale ser destacado. Um empresário, na Alemanha, impediu um assalto em sua residência na cidade de São Paulo, graças ao seu sistema de segurança. Confira aqui o vídeo.



Assim sendo, podemos perceber que houve um avanço no sentido inicial dado as câmeras de vigilância. Elas não são apenas algo para vigiar, mas também para proteger de alguma forma o cidadão. O artigo CAMVIG: Da Câmera de Vigilância para a Câmerade Proteção, põe em questionamento a real confiança que obtemos destes objetos. O artigo relata que “partiu-se da observação de que o planeta está sendo observado o tempo todo por inúmeros dispositivos que possibilitam a captura de imagens (fixas e em movimento) (...). Observa-se então, visualizando especificamente as câmeras de vigilância, que este uso tem deixado muitas dúvidas sobre a sua eficácia enquanto modo de inibir ações indesejadas ao mesmo instante que trás novas formas de ver o mundo”. Ou seja, com as câmeras de vigilância, a segurança pode ter sido aumentada, mas não estabelecida por completo. Assaltos, por exemplo, ainda continuam a ocorrer, mesmo com o ladrão sabendo que o seu rosto está sendo filmado.





O Espetáculo da Realidade


A câmera se constituiu em várias fases, seja para vigilância, proteção ou entretenimento (com a TV e o cinema). E este ato de entreter ganhou nova forma, desde os anos 90, passando a ser um espetáculo. Os realitys shows se baseiam em mostrar a vida de pessoas comuns para outros milhões. No Brasil, o famoso programa global Big Brother Brasil vai chegar ano que vem a sua 15º edição, mostrando o dia-a-dia de pessoas que são confinadas em uma casa, concorrem a prêmios, armam “barraco” e causam polêmica. Tudo isso para ganhar milhões, não só de fãs pelo país, mas principalmente milhões de reais.

Isso nos faz lembrar alguns ideais contidos na teoria da Sociedade do Espetáculo, trazida pelo escritor francês Guy Debord, onde, de acordo com o Wikipédia “o ponto central de sua teoria é que a alienação é mais do que uma descrição de emoções ou um aspecto psicológico individual”. Ou seja, as pessoas pensam em perder sua privacidade a fim de ter recompensas não apenas em dinheiro, mas de fama e reconhecimento. Mas, muitas vezes não conseguem obter uma imagem positiva aos olhos dos telespectadores, e sua vida torna-se um espetáculo a ser assistido por todos sem alcançar o que almejava.


E o espetáculo continua, nas redes sociais


As câmeras estão contidas literalmente em todas as partes – não só nas casas ou ônibus, como eu havia colocado anteriormente –, mas nas mãos das pessoas, através do celular, tablets ou câmeras digitais. Qualquer um pode filmar ou fotografar algo e postar instantaneamente em alguma rede social. Porém, há casos em que essas filmagens ou fotos são violadas e caem nas redes sem o consentimento de quem aparece nas imagens. Isso ocorre entre pessoas comuns (podendo causar o que se chama de bullying virtual, relatado em outro post deste blog) e também com pessoas famosas.

A atriz Carolina Dieckmann, por exemplo, obteve fotos íntimas divulgadas por hackers. Esses são indivíduos que se dedicam a conhecer e modificar os aspectos mais internos de dispositivos, programas e redes de computadores. Muitos utilizam seus conhecimentos para algo mais produtivo, porém há outros que não. 

Visando uma relação mais segura com seus seguidores, o Facebook irá alterar sua política de dados e privacidade a partir de janeiro de 2015. Veja algumas mudanças que irão ocorrer, de acordo com notícia do site r7.com:

. Se você acessa o Facebook por um smartphone com sistema operacional Android 4.4, a rede social irá coletar essa informação e ainda utilizar o GPS para saber a sua localização. Ao saber onde você está, o Facebook poderá até mesmo indicar locais próximos ou mudar o idioma utilizado.

. O uso dessas informações serão utilizadas para que os usuários tenham uma navegação mais personalizada na rede social. Ao saber que você costuma frequentar teatros, por exemplo, o Facebook poderá te indicar páginas e publicações que possam ser interessantes para você.

. Além disso, a empresa afirma que eles não “vendem” dados extre


mamente pessoais, como endereço ou documentos, apenas idade, sexo, gosto musical, locais que frequenta, entre outros. De acordo com eles, é impossível identificar o seu perfil por nenhuma empresa.



. Caso o usuário não aceite essas condições e não deseja que seus dados sejam compartilhados, o Facebook afirma que todas as informações referentes ao usuário são apagadas definitivamente assim que o perfil é excluído. Além disso, parte de alguns dados são deletados mesmo com a conta ativa, ou porque não são relevantes, ou porque já foram utilizados para os fins que o Facebook deseja.


. Os cookies do Facebook também passarão por uma repaginação a partir de janeiro de 2015. Cookies são “marcações” que os sites colocam no usuário para poder rastrear a sua navegação na web. Independentemente do navegador, ao entrar no Facebook pela primeira vez, você recebe um “carimbo” e com isso a rede social pode saber que sites você acessa e identificar melhor os seus hábitos online.



Autora: Lorena Correia

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