Há oitenta e quatro anos a
Teoria Hipodérmica – elaborada pela Escola Norte-Americana –, surgia como um
grande marco nos estudos sobre os efeitos de comunicação de massa. Conforme
essa teoria, a sociedade foi vista como uma massa homogênea de indivíduos, que
absorviam a mensagem da mídia de forma igualitária. No entanto, o surgimento da internet atuou
como uma verdadeira revolução tecnológica permitindo que a relação entre a
mídia e a sociedade não fosse mais algo limitado a estímulo e resposta
previsíveis.
Nota-se que cada vez mais o
ambiente online está sendo mediado pela cultura participativa, ou seja, o
indivíduo deixa de ser passivo e passa a produzir e absorver informações, com a
propagação de manifestações coletivas e individuais na internet, principalmente
por meio das redes sociais. O Facebook, um dos mais importantes ícones de
interação online atualmente, possibilita que os usuários articulem de diversas
formas, estejam eles em qualquer lugar do mundo desde que conectados a internet. Tudo
isso tem gerado verdadeiras transformações culturais, suprimindo as barreias
entre o espaço e o tempo, permitindo a ação e reação quase que simultâneas.
A
atual estrutura da sociedade tem como característica principal a informação e a
recente explosão das redes sociais difundidas por sites como MySpace, Facebook,
Twitter, Linkedln, entre outros, permitem que a chamada Geração Internet não
apenas expresse sua opinião, mas também compartilhem informações veiculadas
pelos meios de comunicação. O baixo custo, a facilidade de acesso e o uso
excessivo da internet faz com que os usuários da rede se interessem cada vez
mais em fazer parte da cultura colaborativa, em participar com suas
informações, compartilhar aquilo que está acontecendo no seu bairro ou na sua
cidade.
O
artigo da Revista Temática intitulado: Cultura Participativa e Marketing Viral no Youtube e Redes Sociais, traz dois
exemplos que mostram grandes furos jornalísticos gerados através da rede social
Twitter: “O primeiro deles seria o caso do “apagão” ocorrido em novembro de 2009.
Este fenômeno deixou dez Estados sem energia e muitos brasileiros tiveram
problemas para voltar aos seus lares, mas a comunicação compartilhada pela
internet, celulares, mídias móveis e vídeos no Youtube ajudou nessa situação de
transtorno e divulgação dos fatos”. O outro exemplo se fez evidente quando os
veículos midiáticos tradicionais não conseguiram ter acesso ao local dos
desabamentos de encostas, no Rio de Janeiro, em decorrência das chuvas no mês
março de 2011. “Grande parte da cobertura jornalística foi feita por moradores
que presenciavam tais cenas e compartilharam seus depoimentos, fotografias e
vídeos através de meios interativos como o Youtube”, diz o artigo.
Estas
exemplificações torna possível relacionar dois termos: o crossmídia (quando uma
pessoa pode acessar o mesmo conteúdo por diferentes meios, funcionando como
propaganda para a expansão do produto – como o DVD de um filme, a camisa e
acessórios com os personagens do mesmo filme) e o transmídia (quando diferentes
mídias transmitem vários conteúdos ao público, de forma que esses diferentes
meios se complementem – é o que acontece com o suíte no jornalismo, quando uma
notícia de caráter investigativo se expande por dias, com novas informações que
vão se relacionando a fim de se chegar a um desfecho. E é possível perceber que
atualmente, com redes sociais como o WhatSapp, o transmídia torna-se mais
participativo no dia-a-dia do cidadão no momento em que ele envia uma foto ou
um vídeo, a fim de criar meios que juntos criem uma determinada mensagem ou
notícia. Essa mudança cultural transforma a relação entre os meios e o público,
prova disso é que alguns sites de veículos de comunicação tradicionais têm se
adaptado e interagido com a cultura participativa na internet.
O jornal popularmente conhecido como Estadão, um dos veículos de comunicação impressa mais antigos do Brasil, hoje também investe na mídia digital. O Estadão mantém um Twitter oficial, que possui mais de 27.000 seguidores e com publicações de diferentes temáticas. O Fantástico, programa dominical da rede Globo, tem um canal no qual usuários cadastrados podem enviar vídeos, sem tema predefinido, que podem ser gravados por smartphones, filmadora ou máquina digital. Depois de serem selecionados, esses vídeos podem ser exibidos em quadros de participação colaborativas do programa: “Bola Cheia, bola murcha”, “Você no Fantástico” e “Detetive virtual”.
O jornal popularmente conhecido como Estadão, um dos veículos de comunicação impressa mais antigos do Brasil, hoje também investe na mídia digital. O Estadão mantém um Twitter oficial, que possui mais de 27.000 seguidores e com publicações de diferentes temáticas. O Fantástico, programa dominical da rede Globo, tem um canal no qual usuários cadastrados podem enviar vídeos, sem tema predefinido, que podem ser gravados por smartphones, filmadora ou máquina digital. Depois de serem selecionados, esses vídeos podem ser exibidos em quadros de participação colaborativas do programa: “Bola Cheia, bola murcha”, “Você no Fantástico” e “Detetive virtual”.
Em seu livro Cultura da Convergência, o autor americano Henry Jenkins relata que a convergência que
está ocorrendo se refere ao “fluxo
de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, a cooperação de múltiplos
mercados midiáticos e o comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam”. Estamos, portanto, na era da convergência midiática, onde as mídias se adaptam a internet e acabam se relacionando umas com as outras a fim de proporcionar uma melhor informação.
De acordo com o texto "A Evolução das Mídias e a Internet: Cultura Participativa transformando os meios decomunicação", "essa
mutação na comunicação está atrelada a processos midiáticos que não se
enquadram mais na denominação de 'mídias de massa'". Alguns autores chamam de
mídias digitais, outros de mídias interativas, novas mídias, etc. Independente
do termo utilizado parece ser uma evidência que diferentes formas de consumo,
de produção e de distribuição da informação aparecem hoje com os dispositivos e
as redes digitais. O que era fluxo massivo nas mídias, como a TV, o rádio e o
impresso, passa a desempenhar agora o que sugerimos chamar de “função
pós-massiva”, função personalizável, interativa, estimulando não só o consumo,
mas também a produção e a distribuição da informação (...) (LEMOS e LEVY, 2010,
p. 26).
Após oitenta
e quatro anos da Teoria Hipodérmica, o que presenciamos é uma sociedade que se
torna cada vez menos manipulada, menos passiva e capaz de interagir, manifestar
opiniões e de não apenas receber mais também gerar e contribuir com informações que
fazem parte da sua realidade e compartilhá-las na rede.
Autora: Priscila Silva
Complemento: Lorena Correia
Complemento: Lorena Correia
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